Já faz algum tempo
que venho observando em minha docência musical, o quanto o ensino do pandeiro é
complexo para os alunos e até para alguns músicos colegas de labuta. Estes
músicos a que me refiro nem sempre são percussionistas. Portanto, não possuem o
mínimo conhecimento básico a respeito.
Muitas vezes, temos cavaquistas, violonistas, guitarristas, bateristas e outros
“istas” que gostam do instrumento em questão, mas não conseguem desenvolver o
mesmo, devido a essa falta de instrução. Pois bem, foi pensando nisso que
resolvi produzir este material.
Ele é bem básico e de fácil entendimento. Trata-se na verdade de uma ilustração
onde pode-se visualizar as diversas regiões em que se divide o pandeiro. Geralmente
os alunos e os músicos - citados acima, tem dificuldade justamente em se
adaptar ao instrumento, uma vez que as suas características físicas contribuem
para a criação de obstáculos como, por exemplo, o desânimo ante a primeira
dificuldade que é segurá-lo. Tendo em mente que a mão esquerda tem duas
funções: segurar o pandeiro e tocá-lo ao mesmo tempo, já se cria uma barreira
para seu aprendizado. Outro obstáculo é o seu peso. É meus amigos... O pandeiro também é tocado com a mão
esquerda. Mas isso seria uma questão para outro momento, até porque não se
ensina o manejo com a esquerda no princípio da aprendizagem. Primeiramente é
preciso aprender a segurá-lo.
Lembre-se que ao segurar o pandeiro, você deve usar os dedos indicador, médio,
anelar e mínimo por dentro do pandeiro (lado interno do aro/fuste) sem
encostá-los na pele para que não haja o abafamento da mesma. Futuramente vamos até usar o dedo médio por baixo da pele para a função de abafamento, mas isso também é um assunto para depois... Portanto, voltemos a como segurar o pandeiro: a palma da mão e
sua base encostam pelo lado externo, posicionando o polegar – desde a sua base
até a ponta, por cima do aro de metal do pandeiro. Se quiser uma sonoridade mais
suave, encoste o polegar na pele próximo à borda da mesma - estou falando aqui de encostar o polegar por cima da pele, ok? Lembre-se que este dedo tem sua função realizada por sobre a pele e não por baixo.
Deixo aqui uma dica para os novatos e marinheiros de primeira viagem: façam
exercícios físicos para desenvolver a musculatura dos antebraços, pulsos e mãos
- principalmente a mão esquerda. Também são muito bem vindos, os exercícios de
alongamento e aquecimento. Aliás, eles são fundamentais. Faça-os sempre antes de qualquer prática!
Retomando, o pandeiro possui um determinado peso,
e ao golpeá-lo com a mão direita, este seu peso aumenta consideravelmente com o golpe
sofrido pela pele. Por isso deve-se ter uma musculatura desenvolvida o suficiente para aguentar o
“tranco”.
Lembrando que estamos falando aqui de alunos e músicos destros. Para os canhotos, é só inverter a manipulação do instrumento, ou seja, a mão direita faz o trabalho
de segurar - e posteriormente tocar o pandeiro com o movimento apropriado,
enquanto a esquerda toca o ritmo em sua pele.
Observem na figura, as regiões a que denominei de Estágios: Verifique o que
cada região produz em relação aos golpes utilizados no pandeiro. Depois é só
praticar a sequência dos golpes apresentados na ilustração até memorizá-los.
Para isso, articule a mão de forma a deixá-la arqueada – sempre com movimento
de pulso, para produção dos golpes.
Para o golpe de polegar, rotacione o pulso, deixando a palma e os outros dedos
para fora da pele do pandeiro. Somente o polegar deve ficar para dentro do instrumento e próximo à borda para
extração do som grave. O polegar deve ser separado do restante dos outros dedos
apenas para o seu golpe, ou seja, aberto em relação aos demais. Para os outros
golpes, junte todos (polegar, indicador, médio, anelar e mínimo). E para o
golpe de tapa, coloque a mão em forma de uma concha com todos os dedos
fechados.
Apresento agora algumas sugestões para os golpes - na forma de roteiros:
Roteiros:
1) Polegar – polegar – polegar – polegar
– polegar.
2) Polegar – base – polegar – base – polegar.
3) Base – ponta de dedo no aro – base – ponta de dedo no aro – base.
4) Base – ponta de dedo na pele – base – ponta de dedo na pele – base.
5) Polegar – tapa – polegar – tapa – polegar.
6) Tapa- tapa – tapa – tapa – tapa.
Observe que todos os roteiros sugerem um compasso quinário (em semínimas), isto
é, um 5/4.
Conte e faça os exercícios devagar. Mude o andamento conforme dominar a
seqüência. E procure mudar de exercício e andamento somente quando se sentir
seguro e confortável para isso.
Note que ainda não estamos tratando propriamente de ritmo. São apenas exercícios para memorização dos golpes e desenvoltura no
instrumento. Para isso, se faz necessário, que estes roteiros sejam seguidos rigorosamente. Mas não se prenda somente a eles... Tente criar outros, pois isso vai gerar originalidade e propiciar versatilidade na hora de tocar.
Falando da tipologia do instrumento, existem alguns pandeiros que possuem sete estágios. Quando for o caso, o sétimo estágio
também será nulo, assim como o segundo e o sexto estágios. Isto quer dizer que
não haverá golpes nestas áreas.
Pessoal, espero ter ajudado aqueles que se encontram em situação
de “desespero” diante do pandeiro - um dos instrumentos mais versáteis que
existe na área da percussão.