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sábado, 26 de julho de 2014


O SAMBA SOCIAL
Por Douglas Tadeu Bottino Ladenthin

 
     Gênero da Música Popular Brasileira que teve origem nas manifestações musicais dos negros africanos trazidos ao Brasil durante o período da escravidão. Ritmo influenciado pela música européia, mas que tem na cultura Bantu, o seu mais proeminente genitor, ou pelo menos, um dos mais importantes. Chamada de Semba, a umbigada (dança) e sua coreografia característica, somada à percussão, identificavam o samba como manifestação musical dos negros.  
     Em um cenário social e político, o samba se apresentou em seus primórdios, como uma cultura – a princípio, identificada com os negros, uma vez que era considerada como momento de diversão para um povo sofrido pelas injustiças da escravidão. Desde os remotos tempos das senzalas, eram comuns os grupos de escravos se reunirem à noite para a umbigada ao som dos tambores. Aí se encontra uma das questões sociais deste grupo: o cotidiano da comunidade negra que se agarra à sua cultura ancestral (África), para minimizar a dor no tronco – fruto da incompreensão do homem branco... Fato que ainda hoje, se reflete em nossa sociedade atual, já que também encontramos como forma de agressão – não mais o sofrimento físico, mas, o moral: com o preconceito, a incompreensão e outras injustiças.
     O samba se torna ícone da presença do negro no Brasil – não só como manifestação cultural, mas tão e somente, como fruto de encontro de uma comunidade rica em sabedoria. Sabedoria esta, de pensamentos relativos à liberdade, igualdade de direitos e princípios morais e coerentes – e até mais que isso: justos.
     Enquanto artístico, o samba se apresenta também com características de comunhão ainda hoje. Mas ao mesmo tempo, difere do passado. Com o povo em geral – independente de raça, credo e outros determinantes, goza de aspectos como agente de entretenimento, de informação, de consolidação de uma cultura rica e formadora da personalidade do próprio povo brasileiro. Um exemplo disso são os momentos em que a comunidade se une para o samba de roda (também conhecida como dança de roda), em que o ritmo é exatamente o samba. Com convidados oriundos de outras culturas, se concretiza a festa da convivência, e todos se integram e se entregam de corpo e alma.
     Cantado originalmente ao som de palmas e batuque, o samba se transformou ao longo dos anos. E culminou como um dos elementos sócio culturais que mais expandiram a rica cultura brasileira para o mundo, identificando-a e diferenciando-a de outras culturas. No entanto, sabemos que isso não teria sido possível, se não fosse a bela história e sabedoria do povo africano – um dos povos-chave que formataram a história e cultura do Brasil.
     Há de se bradar sempre um “viva” ao povo africano por sua longa vida e riqueza cultural, que contribuíram para muito mais que formar nossa cultura (Brasil). Antes, para idealizar a união entre os povos, para ajuntar e ajudar o homem branco... E mesmo assim, este o traiu. Ironias do destino à parte, sabemos hoje do valor inestimável desta contribuição, e isso... É o que enriquece o mundo.

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